Com todo sufoco aparente,
um homem decide
abolir seus fatos.
E, por ao menos um poema na vida foi ser feliz:
Que roupa usar?
O que dizer?
A quem amar?
O de comer?
Poder chorar?
Onde descer?
Com que limpar?
Seria viver?
Sair do lugar?
E o tempo a correr
não conseguiu ao menos se deitar.
Já pela noite, quando nada poderia estar aberto, o homem se deu por derrotado. Sem direção qualquer, bêbado transtornado, atarantado o homem olhou a lua cheia e aos gritos colocou-se a desvairar:
Um dia eu vou te explodir!
Eu vou te rebentar!
e vai ser tanta luz tombando do céu e
se antes eu não me matar
e você de tanto cair
a gente vai se apaixonar!
Mas, que o homem tirou somente um poema pra felicidade
e ela sabendo não se, por pouco, bastar
nessa hora, então, depois do moço espernear,
o que lhe explodiu foram suas veias
e as horas que não sabem se quietar
fizeram passar de noite branca ao sol chegar
a lua cheia saía rápido parecia despistar
e o comércio que devia cedo por-se a trabalhar
vendo um corpo besta já morto a pouco estatelar,
decidiu que por um dia, que felicidade!, a cidade devia parar.