domingo, novembro 08, 2009

tu a implorar-me o teu pelocanto

ao lado, o teu sexo confuso

mesclado entre a mesa e o café.

domingo, julho 05, 2009

em estanque!

o que mesmo sempre pedia, a mãe,
afiando a faca?

o som afinado em indas e vindas e
o paradeiro nos meus olhossurpresa
o sol a pino a queimar-me no canto de fora,
no jardim das minhas pernas.

a mãe tocando seu violino e
a galinha em asassufoco
a faca aguçada,
na orquestra de talheres à mesa.

em estaca!

o que mesmo sempre pedia, eu,
brotando em lágrimas?

sexta-feira, maio 29, 2009

Querosene

Esquálida esquírola no prato e flores à mesa
terremoto, minhas auto-mãos em auto-prazer
tomando uísque nem era noite
fumando presa de portas abertas.

Inútil caixa de fósforos com em média quarenta possibilidades
cabeça vermelha, calor, peitu nu
suor que escorre pelas pernassufoco:
grito e fuga e melaço.

Um sexo em esperafúria
a caixa vazia
a decisão.

Mas por minutos, instantes
estáticos
troco de drink.

Depois livre.

quarta-feira, maio 20, 2009

sin titulo - Lima, Perú

[ Me lembrei de uma coisa: tenho me tornado mais velho]
[Digo, mais velho que o tempo permite]

.
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O tempo vai passando e sempre pensamos ter a mesma idade. Não damos conta e... Me escuta, Pedro? e não importa a ninguém cabelos brancos. Se tivesse chegado uns poucos minutos antes daquela chuva, aí sim, ia perceber que as casas tinham cor de lágrima. Há as vezes em que eu nao acredito em mim mesma. Está me ouvindo? Sim.
Lá dentro daquela casa estavam seu pai e eu, eu rio, diga com quem andas que te direi quem és, é desespero, estavámos na cama. Mas não era amor, era prestação de contas. Mesmo assim, penso como tudo teria sido diferente se você pudesse ter visto, ou eu tivesse tido coragem de falar com você. Depois que você foi embora pintei a casa toda de vermelho, mas foi com meu sangue.
Dali em diante, em todos os anos que se seguiram, nos aniversários de seu pai, eu ficava te olhando de longe, olhava todos com asco, menos a você, como era gorda sua mãe, parecia um porco. Para mim era impossível ser feliz, era a data do ano mais terrível. E ainda insistia o motivo dos meus suspiros... um dia vi na televisão uma coisa incrível, sabia que as abelhas machos morrem fazendo amor?

terça-feira, maio 19, 2009

:: distância:::...

"Guillermo! Guillermo! Ayudame!"

Grita, em pouca voz, uma senhora do quarto andar.
Mas Guillermo está sempre aqui por baixo.
Disse que a mulher não chama por ele, mas por um Guillermo lejano.

___________ :: ____________

E por cada canto, mais que distante de tudo
revejo o amor.

Reamor.

sexta-feira, maio 08, 2009

Escombros

inútil bicho a percevejar sobre folhas verdes, a gente rindo e rindo muito: olha a maria mijona! fede! fede! mata! mata! e mata e chora e chora e chora manso suado no chão simples de uma sala de ensaio onde acreditei temer a um deus que pela sua onipotência me consumia o espaço e
meus passos cambados porém suaves me faziam entrar em casa com uma simplicidade extrema que
só um sonhador
seria capaz enquanto trama palavras e estórias bonitas de chorar, mata! mata! maria mijona! mata! e chora e chora no corpo suado do chão________ e o meu deus eram olhares dispersos em pessoas cambadas a dizer inúteis.

meu medo sempre foi o de acordar e acordar ouvindo longe risos e risos muito: olha a maria mijona! fede! fede! mata! mata! e mata e chora e chora e chora mansa a mãe do mundo, do meu mundo.

sexta-feira, abril 24, 2009

escreve um livro, pai.


mas te digo, depois, do depois, é o mesmo. igual. o depois é antes, um pouco, bem pouco antes da gente. é uma fresta, uma fenda, uma fisga, e é lá que está nosso depois.

excreve um livro, pai.

escrava um livro, pai.um livro raquítico de memórias mal consumadas.um livrolembrança.

um lembrático.uma azáfana de nossas vidas.

subtil, ______ , um livro, pai.


quarta-feira, abril 15, 2009

Com todo sufoco aparente,
um homem decide
abolir seus fatos.

E, por ao menos um poema na vida foi ser feliz:

Que roupa usar?
O que dizer?
A quem amar?
O de comer?
Poder chorar?
Onde descer?
Com que limpar?
Seria viver?
Sair do lugar?

E o tempo a correr
não conseguiu ao menos se deitar.

Já pela noite, quando nada poderia estar aberto, o homem se deu por derrotado. Sem direção qualquer, bêbado transtornado, atarantado o homem olhou a lua cheia e aos gritos colocou-se a desvairar:


Um dia eu vou te explodir!
Eu vou te rebentar!
e vai ser tanta luz tombando do céu e
se antes eu não me matar
e você de tanto cair
a gente vai se apaixonar!


Mas, que o homem tirou somente um poema pra felicidade
e ela sabendo não se, por pouco, bastar
nessa hora, então, depois do moço espernear,
o que lhe explodiu foram suas veias
e as horas que não sabem se quietar
fizeram passar de noite branca ao sol chegar
a lua cheia saía rápido parecia despistar
e o comércio que devia cedo por-se a trabalhar
vendo um corpo besta já morto a pouco estatelar,
decidiu que por um dia, que felicidade!, a cidade devia parar.
em todos lugaras a casa vazia
meu harakiri poético
do que eu preciso.
Dá-me agora uma bacia repleta de água

um quase poema.

sexta-feira, abril 10, 2009

Feriar
verbo interno a dizer costumbres.

antes não tivesse saído a lutar com talheres

e foi por curiosidade desmedida que
minhas armas passaram a chavelhos e
eu mastigando giletes.


agora,
lá fora uma chuvalinha
e aqui dentro...

e aqui dentro?

e aqui, dentro.

sábado, abril 04, 2009

em dança com minhas verduras
estupidamente em dança

a cozinhar poáceas.

errôneo como um riscador
a verter resquícios de beleza
em peles passadas.

degustando sozinho a espera
a triturar
pedaço de gente
picada enquanto danço com minhas verduras.

quarta-feira, abril 01, 2009

se me custuram os verbos.
resquíceo liláceo
pedaço de carne preta:

Á_________tátátá.

o que invento me traz
consequências.

sexta-feira, março 27, 2009

um ralado

doce como deve ser doce um
estupro,
um soco em rocha,
um afundar com profunda força em travisseiros de hotel,

um dente de leão quebrado,
sem voar, que ventado
sai rodando o chão
sem vingar alturas
como um ralado
pedaço de pele
rabiscado de sangue

ou um dente de sangue
rabiscado de leão,
um estupro doce,
um planejar a vida,
um corte de faca cega,
uma blusa no varal,

um filho distoante.

Parece assim,
pareço.

segunda-feira, março 16, 2009

esquírola,

essa abstração na garganta.
lasca de osso,
esse entendimento poético.


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incompreensões à parte,
me fura novamente, não sopra e sai,
desde muy pequeña descobri morrer.

estilha de gente, na rua, na cama, no quentecalor e sol.
cavaco de mãe, de vó, de gente doente na rua, na cama, no quentecalor e sol.
sopapo no queixo, armábrindo gente na rua, na cama, no quentecalor e sol.
meus dedos dormentes, é gente sem dente, estupro nem tentecalor e sol.

não tenho papel, não tenho caneta, não sei escrever nem calor nem sol.
se rabisco a parede, vem da esquírola no meio das pernas, me sai pela pele:

calor e sol
calor e sol
calor e sol
calor e sol

domingo, março 01, 2009

Haveria traço minha ingenuidade.

Um dia passeava com sal dentro do olhar
e o sol queimando nas mãos.
Como um traçotudo.
Era meu projétil, o peito.
Uma valquíria aberta no canto.

Quase. Era quase.

Deitado nu, de lado,
coberto por estilhaços de unhas roídas.
Meu sol,
haveria traço minha ingenuidade?

[roo as unhas como se te planejasse]

Mãos de amor, manufatura.
Pensar com ferocidade. Agir com a delicadeza do fogo.
Amor ódio e aço.

É como o simples, o respirar.
Seria?

Haveria traço minha ingenuidade correndo solta.

Quase. Um dia quase. Passava.
Haveria quase traço. Quase ingenuidade.
Quase haveria.
Houve. Houve. Houve. Ouve essa valquíria aberta, a unha roendo no canto da sala.
Ouve esse som. Ouve esse som. Ouve esse som. Ouve esse som. Ouve esse som. Ouve esse som. Ouve esse som. Ouve esse som. Ouve esse som. Ouve esse som. Ouve esse som. Ouve esse som:
Respirar com ferocidade.

Um dia sem que chovesse e chovia.
Sem que andasse e movia.
Sem que respirasse e vivia.
Sem que amasse e quase.
Um dia e sempre:

Haveria traço minha ingenuidade.

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

minha música interna
você, meu inteiriço sonoro
que quando a gente acorda pela preguiça da manhã

infiltra som pelas paredes do quarto,
amolece e trinca minhinfelicidade, em mim a felicidade, sobra sonhos pela cama enquanto canta minha janela.

roo as unhas como se te planejasse.

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

vento tudo
não logro nada nas mãos
meus lampejos de inconsciência
me desvendam a morte


mas hoje, a noite vai ser mais clara
espero dormir initerrupto
porque eu vou sonhar em voo
e quando voar nesta noite, será minha casa interna

minha caligrafia

que em cada tropeço me traduz viver.

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

imaginei a morte.
imaginei um filho que gritava seco dentro do meu ventre de homem e acabei dando a luz.
a morte é bem diferente do que já havia imaginado uma vez quando era tolo.
e este sofá imaginei pra você.

terça-feira, janeiro 27, 2009

se me escapa a faca.

sempre,
os bolsos em vômito,
os buchos.

essa capa se me abarca,
anjos de ruas escuras e sujas,
dessas asas impossíveis.

e tudo se me acalma ao
prostrar-me em tuas costelas,
essa armadilha.

terça-feira, janeiro 20, 2009

para que - se um dia eu me esconder - você possa me encontrar...

...tolerando memórias,
e futuros.
a cada vez que conheço o mundo
acabo

esmiuçado


[Ontem contei,
Contei tudo que via pela frente
cheguei a contar areia, contei também os pêlos do tapete, depois as letras de um livro grosso, fui contando, os cabelos caídos no chão, contei números decifrados, contei as miligramas das coisas - minha habilidade era tamanha que não perdi e nem errei uma conta - e na hora de dormir contei escuridões a cada vez que cerrava os olhos, muitas.
De nada adiantou,
parecia haver em mim uma tromba d´água. Não, era maior, devia ser um mar revoltado, ou talver fosse maior, era uma catástrofe. E ainda não era aquilo, era deveras muito maior, uma hora achei que fosse Deus zangado]

debaixo da mesa.

sábado, janeiro 17, 2009

Interno
eu cantarolava
aquele tipo de música assim
bonitatriste
e revivia ardente - enquanto -
lugares:
e pensar que se me passeiam os pés!

que me entorno mais
se me passeiam os pés

e se me passeio enquanto
uma menina me pede dinheiro
um velho tosco se insinua pra mim
do outro lado das mesas
e quase chovia.

se me passeio?
chovia.

sábado, janeiro 03, 2009

me parece difícil

do outro lado, era ali, e nao havia ninguém
de onde dormia uma semi voz,
uma quase palavra,

seria o meu erro nascido.

letras forçadas num lugar distante

Budapeste.