domingo, julho 16, 2006
sexta-feira, julho 14, 2006
[ Um Presente: Peixe meu para você ]
Eu te dei um peixe e ele voltou. Voltou pelas mãos de outro. Um outro. Só que o peixe não era apenas um peixe; era amor. Amor com o qual você não soube o que fazer, por isso deixou para um outro. Para que o bicho vivo respirasse, sofresse lá em um outro. Um alguém. É que o peixe é assim, é de uma natureza, um amor difícil, solitário, quase frio. E quando não se dá conta a gente ou joga no vaso e dá descarga, ou passa o amor para frente. Mas um outro alguém não suportou o peixe e por coincidência fez com que o amor chegasse até a mim. Eu reconheci. Eu sei das coisas que são minhas. Aquele amor, aquele peixe, era meu. Meu que dei para você, que você deu para alguém. Você foi incapaz. É, acho que realmente só os peixes sabem, na solidão fria de peixe, o que é o amor.
A João Cabral de Melo Neto
O amor comeu meus momentos mais felizes,
E eu permiti.
O amor me afastou das coisas
Que eu acreditava mais amar,
E eu permiti.
E eu permiti.
O amor me afastou das coisas
Que eu acreditava mais amar,
E eu permiti.
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