sexta-feira, agosto 11, 2006

Ritmo

Posso ouvir sua respiração. A cada silêncio cortado uma música lenta e triste intercalada. O peito incha e murcha, como se dissesse: “veja quanto trabalho para continuar do teu lado, não paro nunca, não posso”. Guarda estas coisas na cabeça amor. Não precisa me dizer porque eu vou esquecer, ouve só a música lenta-triste, ouve só, sozinho no descansar do sono, lá onde nem eu nem você pode entrar. Sozinho no amanha sem nós. Posso ouvir sua respiração mais forte. O peito parece que vai explodir, já nem murcha, quase suicida, como se dissesse: “Nãoooooo, Nãooooo, Nãooooo...”. A música agora tá urgente. Aperta no ouvido, me desarmoniza. Mas ouço o estacato do seu peito só. Máquina potente. Só ouço ele. Como se sonhasse lá no impenetrável dos sonhos uma coisa que nem sei o nome. Que de tão feio é inimaginável. Só dói.
Posso ouvir sua respiração lenta-calma porque você acordou e me sorriu um sorriso lindo-acolhedor.

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