Fico no cimo das palavras.
que mãe é aquela ali parada?
há esperança na fotografia.
mas passa
ela sabe que passa.
Acolchoada de idades
o coração lhe explode
ficam as fotografias.
há esperança de um filho.
mas passa
ele sabe que passa.
A poltrona estática do dia esconde
meu dicionário memorialístico
Fixo no cimo do amor.
terça-feira, novembro 20, 2007
sexta-feira, novembro 16, 2007
sexta-feira, novembro 09, 2007
Diário
Ó meu grande amor,
mando notícias de tristezas:
as pessoas andam se explodindo,
e parece que virou moda.
Cada dia é um que ganha o noticiário mais importante do país. E fico com medo. Já se vão quase 3 anos que não nos falamos. Por que? seria meu questionamento... as pessoas se explodem e a qualquer hora pode ser eu um desses estilhaços da perfumaria atômica; as pessoas lá de casa enlouqueceram, quero dizer: o resto daquelas que sobraram. Esta é a décima enésima carta que te escrevo; os correios foram sabotados pela ocupação e já faz tempo que não sei seu endereço. Internet só tem acesso os desgovernados do governo. Ontem teve cerimônia aqui na rua, caiu uma bomba na antiga casa de Ashraf. Sinto que estou ficando burro.
Fizemos um pacto na família, pode parecer estranho... não se faz mais amor entre os férteis, a gente não transa mais; que é pra não ter filhos. Mas meu filho está divido entre nossos corpos. Ah.
A cada clarão na cidade eu sinto que pode ser você, aí corro lá pra baixo e releio alguns escritos seus. Nessa confusão toda eu perdi sua única foto. Me dá pavor pensar que você pode sumir como fumaça memória. Sinto que estou ficando burro.
A mãe prostada num canto lendo aquele livro antigo... perguntei a ela pra que tanta dor e ela olhou pra mim paralisada. "Mãe", eu disse, "ter filhos dói"?
Mas a coitada tá louca.
A casa anda que é puro pó; e nem adianta limpeza. O pouco que sobrou da gente tenta se distrair ao longo longo longo longo do dia. O melhor é quando o corpo não suporta e dorme, mas é raro.
Tenho uma esperança: no dia em que for a nossa casa a que irá para os ares, todas minhas cartas cairão sobre a cidade. Se por aqui estiveres, ah!, se lembrará de mim. Mas se não, dois estilhaços irão se juntar e explodir em amor lá no céu. Amor, céu... Sinto que estou ficando burro.
Aqui é o centro de tudo e tudo está tão longe daqui.
Ó meu grande amor, quero escrever um livro de alegrias.
mando notícias de tristezas:
as pessoas andam se explodindo,
e parece que virou moda.
Cada dia é um que ganha o noticiário mais importante do país. E fico com medo. Já se vão quase 3 anos que não nos falamos. Por que? seria meu questionamento... as pessoas se explodem e a qualquer hora pode ser eu um desses estilhaços da perfumaria atômica; as pessoas lá de casa enlouqueceram, quero dizer: o resto daquelas que sobraram. Esta é a décima enésima carta que te escrevo; os correios foram sabotados pela ocupação e já faz tempo que não sei seu endereço. Internet só tem acesso os desgovernados do governo. Ontem teve cerimônia aqui na rua, caiu uma bomba na antiga casa de Ashraf. Sinto que estou ficando burro.
Fizemos um pacto na família, pode parecer estranho... não se faz mais amor entre os férteis, a gente não transa mais; que é pra não ter filhos. Mas meu filho está divido entre nossos corpos. Ah.
A cada clarão na cidade eu sinto que pode ser você, aí corro lá pra baixo e releio alguns escritos seus. Nessa confusão toda eu perdi sua única foto. Me dá pavor pensar que você pode sumir como fumaça memória. Sinto que estou ficando burro.
A mãe prostada num canto lendo aquele livro antigo... perguntei a ela pra que tanta dor e ela olhou pra mim paralisada. "Mãe", eu disse, "ter filhos dói"?
Mas a coitada tá louca.
A casa anda que é puro pó; e nem adianta limpeza. O pouco que sobrou da gente tenta se distrair ao longo longo longo longo do dia. O melhor é quando o corpo não suporta e dorme, mas é raro.
Tenho uma esperança: no dia em que for a nossa casa a que irá para os ares, todas minhas cartas cairão sobre a cidade. Se por aqui estiveres, ah!, se lembrará de mim. Mas se não, dois estilhaços irão se juntar e explodir em amor lá no céu. Amor, céu... Sinto que estou ficando burro.
Aqui é o centro de tudo e tudo está tão longe daqui.
Ó meu grande amor, quero escrever um livro de alegrias.
Bem menos
- Mãe, ter filhos dói?
- Menos, muito menos.
Uma vez eu vi o buraco pelo furo da visão.
E é bem menos.
No mundo não existem necessidades,
só tempo e construção,
os gritos, os gemido de prazer,
se prazer.
Conte com a superfície do corpo.
É muito menos, como
substituir as palavras por
objetos outros.
- Menos, muito menos.
Uma vez eu vi o buraco pelo furo da visão.
E é bem menos.
No mundo não existem necessidades,
só tempo e construção,
os gritos, os gemido de prazer,
se prazer.
Conte com a superfície do corpo.
É muito menos, como
substituir as palavras por
objetos outros.
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