Envelhecem os móveis.
A madeira se preocupa
com os cupins enquanto
estes tornam-se o inconsciente
memorial de piqui niques
juras de amor à canivetes
ceras lacrimais que só soube
a árvore, outros jamais.
Observa-me um móvel.
Todos os dias limpo pequenos
grãos que expulsa
o móvel inconsciente à beira
da janela de onde vejo
de retruque aquele que
não me sai da cabeça.
Sinto a cada segundo que
sou sugado e criado pelo
pensar do móvel e que
como o cupim, tenho
amor à madeira e, imóvel,
do outro lado, envelheço
como se aguardasse a
queda do móvel ou ele
a minha.
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