quarta-feira, julho 30, 2008

para que quando a chuva caia e sem meu regaço eu possa ao menos ter forças para ir além da cozinha

Expulsa!

Eu te debrucei meus líquidos,
os ossos laterais.

Quando você me vinha abrir portas - e era concreto armado o que eu mastigava com tão pouca clareza - eu me vestia toda a casa.

Esfarinho sentimentos pelo muro de espaldas!

Cascalha pelo chão remorso teus socorros
e esfrega amor pelas frestas
para que retorne sem esforço
aquilo de te ter não ter e ter.

sexta-feira, julho 25, 2008

do Lat. adorare

Ama-me longo
rabisca minhas costas mais
toda minha extensão
meus braços que duram muito
rabisca-me.
suja meus rios com tuas mãos
em negrito.

Roçaga-me o sol das tuas pernas
e brada noites.

ocorre que minhas águas
transtornam em abundância
e turvo fico eu.

Rabisca mais, que meu corpo é
muita página e quando chegares
ao homem debruçado
intacto em pleno silêncio
Beija! Beija!

Dê a si o direito a morte
Ama em extremo!

quinta-feira, julho 24, 2008

suas mãos máquina
de ação e calor
nosso firme olhar e
dentes afora
possibilidades de prazer
o que grita na minha pele
se lança longe
quando a velocidade
das suas mãos fogem
do cotidiano
o que jorra em êxtase
é meu estrondo interno
meu ôco.

segunda-feira, julho 14, 2008

compondo
intempestuoso amor
e o sol queimando tarde
pergunto a mim se um dia tudo se tornará comum
e peço que não
que o adocicado do seu corpo,
didascália perversa,
neve no andino ponto da minha carne.

mas se por acaso enlutar

de toda a raiva e ódio
um grito seco
cu
pedaço de boca na bunda
estremecidos lábios e veias luminosas

esse amar em extremo
esse estiolar de si para o outro.

prelúdios infinitos
e o cerne no oposto
das suas costas
sempre a me implorar escaladas

a noite gélida a queimar
os dedos frágeis do amor
nada mais: poucas notas

acabo como os peixes estripados pelo amor humano