terça-feira, novembro 11, 2008

se disperde
meus pêlos, as unhas, olhares
meus respiros,
o contato, o auto contato.
a linhapele.

o sabor franjo dum guaraná e
as tantas escadas duma cidade que me alucinam.

eu se me disperco.
rogado, acerca, suportado,
em tempos, dissabor.

no entanto


por outro lado
se me a faca.

se me habito,
cadê meu cada qual?

domingo, outubro 26, 2008

quinta-feira, outubro 16, 2008

Sublime

há horas que o desejo se
basta nisso que
a lentidão dum respiro

sentado domino em inocente o espaço


vivo eterno meio-dia
e que chova sobre meu mar.

sábado, setembro 27, 2008

eram correntes brancas seus pés.
todavia.

tenia huecos mi cuerpo
quando a ameaça.

desmanchado na parede
em músicasons
estabilizado na queda
soube que poderia cair ainda mais.

mas o que cabe dentro de mim.

não existe tradução.

sexta-feira, setembro 19, 2008

115

era eu tumultuado
tomado d'escuridão.

não saberia dizer

sublevado
das pedras filamentos
chão sujo
e derramado em mescla podre
eu via o singelo de uma telha.

quantos mexilhões!

nas noites seguintes
corri
consumindo lágrimas em externo,
voei organizado.

era eu divulgado
na beleza aparente das coisas.
mas a nota deve voltar
inchando a música com ascendentes e descendentes.
Alto grau meu bem, alto grau.

Quem se move frente a mim?

Ah!, entrega recorrente!

sofro palavras na sua nuca,
sofro salivas,
sofro translúcido,
sofro correr o infinito em brandos ventos no rosto
menino que corre sem pés.

sofro não sofro e pleno.

aquilo era apenas eu tumultuado
fazendo a entrega,
voltando à tona como um carteiro.

Depositando na caixa 115
um amor sem abreviaturas,
amor por extenso.

terça-feira, setembro 09, 2008

minhas extensões

[ma memoire sale]

e vem AnaC, Mansfield, Plath, Pizarnik, Rimbaud, e tantos gestos quebradiços,
estruturas passageiras
no corpo dum poema
minha monocromania dispersa nas
flores tão pouco flores que insisto
no quarto.

Minhas extensões extremas derramam


vai bem devagarinho e psiu... delicadamente
deliberadamente tirando a febre,
os livros suicídio empilhados,
segurando o que dizem - olho no olho

rememorando todos os risos e sorrisos de uma vez...
os vinhos, as cervejas, os cigarros, os sons tão perversamente felizes
as vozes confusas, os apertados abraços, as texturas, pequenas coisas salgadas, vai, vai desfazendo, e haviam olhares, proximidades

nossas proximidades quentes
- o vício -

o fazer diário que me leva aos papéis de mentira
às pilhas imaginativamente altas
de onde eu um dia ei de pular.

segunda-feira, setembro 01, 2008

em todos lugaras a casa vazia
meu harakiri poético
do que eu preciso
Dá-me agora uma bacia repleta de água

um quase poema

sexta-feira, agosto 29, 2008

tudo está calmo e suspenso

aquilo molhando meu rosto
era o texto que não consegui lhe escrever

o rabisco e todas minhas calamidades

Freqüentemente as pombas deixam de existir

sábado, agosto 23, 2008

Reminiscências

brota do ventre da minha cama
seu cheiroflor

carcome em seguidas dores
minhas valas
manifestação violenta
broca de amor

amor de aço
amor odio e aço
amoraço

onde o teu verso?
o reverso
o dorso largo
o chão em que trabalho árduo em respirações sufocantes
abafadiças

hoje meu ventre escreve em vão.

segunda-feira, agosto 18, 2008

Oh minha poesia vazia

o que eu canto?
por quem eu canto?

que cor tem na minha pele
pra qual lugar devo voltar
meu boi não passa de ornamento
em que ritmo batem minhas mãos

já não são interrogações
mas procura dos pés

O meu rito solitário
reinicia.

amor
o que me mata me move.

sábado, agosto 16, 2008

suas anti-mãos me florescem casas maiores
internas
farfalha a cortina da boca

as formigas invadem a madrugada
divagam pelo assoalho

a voz do piano saindo e
teus dedos quentes a me dizer
amores

domingo, agosto 10, 2008

epítome de quem sempre desejou o vôo

dá-se no meu ao longo
instantes entumecidos.

monomanias
de amor

a reicidência do meu reflexo
só me faz assusto

o afeto em casa parece estar
alojado
onde não se vê
a casador

.de mim para o outro.

No banho um flash,
ao entrelaçar dos braços, quatro, e um parabéns
olhos entumecidos e
aluo.

Até quando?
Quando o menino sairá do canto debaixo da mesa redonda?
e de lá um país novo
e quem são seus pais
e o que

.meus imprevistos tristes.

escritos internos

sexta-feira, agosto 01, 2008

Sobretudo aos temporais

sua chuva fina debastada

mantenho firme o pau da escrita, assim tosco, e
você a me rasurar.

lava! chuvisco teu
sou em tombos
um tropeço
de poça

estaca!

sobretudo aos temporais
que emprego minha escrita

suster com estacas um amor

quarta-feira, julho 30, 2008

para que quando a chuva caia e sem meu regaço eu possa ao menos ter forças para ir além da cozinha

Expulsa!

Eu te debrucei meus líquidos,
os ossos laterais.

Quando você me vinha abrir portas - e era concreto armado o que eu mastigava com tão pouca clareza - eu me vestia toda a casa.

Esfarinho sentimentos pelo muro de espaldas!

Cascalha pelo chão remorso teus socorros
e esfrega amor pelas frestas
para que retorne sem esforço
aquilo de te ter não ter e ter.

sexta-feira, julho 25, 2008

do Lat. adorare

Ama-me longo
rabisca minhas costas mais
toda minha extensão
meus braços que duram muito
rabisca-me.
suja meus rios com tuas mãos
em negrito.

Roçaga-me o sol das tuas pernas
e brada noites.

ocorre que minhas águas
transtornam em abundância
e turvo fico eu.

Rabisca mais, que meu corpo é
muita página e quando chegares
ao homem debruçado
intacto em pleno silêncio
Beija! Beija!

Dê a si o direito a morte
Ama em extremo!

quinta-feira, julho 24, 2008

suas mãos máquina
de ação e calor
nosso firme olhar e
dentes afora
possibilidades de prazer
o que grita na minha pele
se lança longe
quando a velocidade
das suas mãos fogem
do cotidiano
o que jorra em êxtase
é meu estrondo interno
meu ôco.

segunda-feira, julho 14, 2008

compondo
intempestuoso amor
e o sol queimando tarde
pergunto a mim se um dia tudo se tornará comum
e peço que não
que o adocicado do seu corpo,
didascália perversa,
neve no andino ponto da minha carne.

mas se por acaso enlutar

de toda a raiva e ódio
um grito seco
cu
pedaço de boca na bunda
estremecidos lábios e veias luminosas

esse amar em extremo
esse estiolar de si para o outro.

prelúdios infinitos
e o cerne no oposto
das suas costas
sempre a me implorar escaladas

a noite gélida a queimar
os dedos frágeis do amor
nada mais: poucas notas

acabo como os peixes estripados pelo amor humano

quinta-feira, junho 26, 2008

onde nossas vozes leves
o contínuo dos nossos contornos
e a velocidade rara na sua voz.

onde nossas promessas
na perfurada memória
e os rastros dilacerados em nossas visões.

aqui em mim querido
infernofogo amordetarde
e a vida toda em surpresas
ou se morre ou se dura muito.

terça-feira, junho 17, 2008

me fura e fecha

Por onde andam os velhos? nossos mendigos? os desdentados, os depressivos, os cegos, os de boca torta, os mudos, onde os siameses? porque nascem siameses... os deformados, os amputados, ah! as putas, os deficientes, os estrangeiros, deus, e deus por onde anda? os perdidos, os paralíticos, os hermafroditas, os cancerosos, os talidomidas, os esquisofrênicos

o que te falta?

o que te falta?

o que te falta?

me fura! me fura com uma faca!

por onde andam?
estão escondidos dentro das casas? mas casa não é algo bonito? não é amor?

o que te falta?

já existiu beleza dentro de casa? qual é lugar da sujeira? onde eu escondo a dor? em casa? sob as unhas ruídas? onde eu guardo a vergonha?
quem te pede licença?

onde eu peço perdão?

Seu filho não te carinha porque não tem mãos. por onde ele anda? não faltam braços em seus abraços.

amor fábrica do inferno. quem te morde? quem te assopra?

o que te falta sobra em mim e mofa.

rútilo! rútilo! rútilo!
me fura e fecha!

domingo, junho 15, 2008

El intento del olvido

Meus dedos declinam em desparo.
A filha que me escorre baixo às mãos
todos os dias em pedir-me trocados:
emoção a memória curta

saio com
um piano cravado no tórax
um tapa de reviravolta
susto, mortes instantâneas:

não te enxergar mais,
você coberto de nuvens
a mesma cegueira
que me encobre
pinta meu país.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
"El presidente parecía sincero, pero hay sinceridades que tienen memoria corta, nacen de la emoción sin radicar en la ética. Duran el tiempo en que cae una lágrima. Y luego se olvidan." (César Brie, En un Sol Amarillo)

quarta-feira, junho 11, 2008

Sentir seu espaço onde minhas pétalas frias se escondem na turbulência incompleta dos afazeres domésticos e os sonhos silêncios que te imponho em sorrisos alongados e memórias matutinas de nossos corpos nus pedindo afago e não a dor__ninguém seria capaz de deitar o mundo todo em prazeres tão tênues como tenho arriscado__

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nossos corpos pontilhados
meus perigos diários
abortos espontâneos da contemporaneidade: pulo diariamente de prédios impressionantes do centro da cidade

caio brando: único vestígio nas elevadas janelas: não sofro

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meu coração é um botaréu


cuidar de ti é zelar pelo mundo
cuidar de mim é amamentar o universo

[ sinto estar pronto frente ao desconhecido ]

não se morre a quem já se matou

segunda-feira, junho 09, 2008

desaparecer no ar

Quando do alto de um olhar te vi
sequei os lábios
ressumei o olhar
perdi meus pesadelos na rua.

você rabiscou minha visão


Hoje te choro todo por fora e
com os picotes das minhas unhas
te faço um ornamento simples.
Vivo com vontade de sair correndo
morro como se voasse.

quarta-feira, junho 04, 2008

....................seu som.....................
..........................................................................................................
......................................................
......................................................................................

[_______me invade em tumulto_______]

................................................................................................
.....................suas costas....................
................................................................................
...................
.......................................................................................................
[_______vejo com espanto_________]





[ transijo com amor ]

segunda-feira, junho 02, 2008

acordar de madrugada

Sua forma decaída sobre meus pedaços
sons extenuados
um arroubo de espírito.

seu conjunto é um encanto,
quedo assombrado e choroso.
Quanto amor por percorrer
e corro, corro denso,
vôo liso e
quanto ar!

Abrir os olhos é
um arrebatamento íntimo:
vibro forte, instrumento de corda.

Você se alastrou em mim.
Todas as vezes em que acordo ao teu lado
meu coração se ocupa violentamente.

quarta-feira, maio 28, 2008

Meu Eu-lembrança

Desde sempre.

No meu canto quando durmo
encostado padecido
destrilho seu corpo em mente
com monossílabos e silêncios.

Poli com habilidade nossa fuga
dedilhei voraz para que
seus sons viessem leves

nas suas garras, adormecido como um finco, um espinho reto cheio de opinião,

rendo carinhos em outras línguas
e câmbio pardo em cor.

é traçando seus declives que
descubro em mim amor.
....................ardor
....................................calor.
.........fulgor.
...............................................................................................................dor.

sexta-feira, maio 23, 2008

Espaldados nossos versos
onde a felicidade e tristeza
se anulam.

A lentidão derramada
dos nossos corpos
esparsos em qualquer cama.

Os esforços educados
dos membros trêmulos
para que o de sempre: novidade.

escalar seu corpo me custaria a vida toda
e do alto das suas costas,
no fim,
só um cair em consequências
.
.
.
.
.
. . . . . . . . . todas as cores

segunda-feira, maio 19, 2008

__meu peito de chão batido__


Ao seu lado desaprendo
todo dia o dia,
com a doença das palavras que
nos afundam os corpos
somos graves e doces.

Seria um deserto minhas costas
não fosse seus beijos
meu cimento queimado agora
reflete nossas noites brancas
e lentas:

o amor é para nós
suicidas vagarosos.

quarta-feira, maio 14, 2008

descalço em sua pele
onde já não adianta mais

me andei todo perdido:
a clareza dos dias me faltavam
a vagueza dos loucos me tomava,

de um tudo era eu o nó.
meu desperdício em outra gente
os vícios mais sofridos
eu lacônico.

um fio ácido fulgorante cortando o tempo.

E houve um cume de lucidez

era sua voz que me entrava quente

domingo, maio 11, 2008

Quando eu chorei no teu dorso esparso
foi pra dizer delicadezas

das intransigências dos nossos corpos
de todos medos e impossibilidades
do teu largo riso fácil.

Encabulados pensamentos
nossa agressiva ossatura
de todo meu barulho no silêncio do olhares.

Quando pedi uma parte tua
foi pra não brincar de amor.

quinta-feira, maio 08, 2008

De Ana para minha vida

"Se linha molhasse, ah!, se linha molhasse..."*

Nossas roupas inundariam o quarto,
os lençóis quentes escorrendo por debaixo da porta muda.
Se linha molhasse, minhas agulhas não te serviriam mais para a dor,
e que nunca sirvam!

Eu poderia viver no meu inferno,
mas a costura da sua pele,
as linhas dos seus cabelos,
o tecido da sua voz
enxarcam minha vida:

a brasa então brisa.

Se linha molhasse,
Ah,
domiríamos numa cachoeira plena,
meu amor.



* Este primeiro verso é de um texto da minha amiga (foda) Ana.
Obrigado pelas tuas palavras.

domingo, maio 04, 2008

Você é

Minha embriaguês
Minha polifonia
Minha contemporaneidade
Meu erro grave
Meu desastre
Meu solo firme
Minha redenção
Minha correnteza
Minha ventania
Meu extase
Meu ponto final
Meu gozo
Minha obra prima
Minha respiração ofegante
Minha velocidade
Meu silêncio
Meu rabisco
Meu traço
Minha poesia
Meu espetáculo

e ainda sim nada meu.


você será minha invenção___

terça-feira, abril 29, 2008

Para ficar com você

Tirei minhas escamas e deixei de ser peixe
Tirei meus pêlos longos e deixei de ser cão
Virei gente e perdi meu olhar camaleão

Inventei de voar
Fui várias profissões
Dormi dias pelo chão

Larguei família
Inventei
Tive filhos

Matei um presidente
Percorri países
Trouxe muitos souvenirs

Quebrei espelhos
Me joguei de pontes
Perdi documentos

Então depois você me diz que não.

quinta-feira, abril 17, 2008

Minha Ventania

Meu consumo próprio,
corpos semblantes
revoada de pássaros
teus cabelos frescos desempedidos
nossas tecnologias pra falar de amor

tenho vivido no olho do furacão


e é tão bom perder-me nos teus
sopros.

segunda-feira, abril 14, 2008

te escrever

Não caibo mais em mim
e onde eram as tristezas dos suicidas
agora a delicadeza do teu corpo abrupto

as tuas montanhas
tuas gotas enxarcadas
pedacinhos de papel

te levo pra chuva
deito nos teus ouvidos
um texto de amor

escolho as palavras mais incondicionais e as despejo poro por poro, em cada área calculada pelas minhas mãos trêmulas pelo êxtase de ti e quando na luta de corpos eu chegar na sua fortaleza suas costas-cor eu te abraço e nossos longilíneos segmentos se encontram simples

Então te mostro o mundo
o chôro, os ventos,
a beleza que há em te ver dormindo







tentarei te escrever a vida pelo mundo ao
meu lado.

sábado, abril 12, 2008

eu te desenhei flores
no corpo arisco
e hoje é minha
a tarefa de recolher as pétalas

e os botões que me florescem
pelos dias na confusão das nuvens

sim, e o largar-se gostoso do amor:

a manhã pedindo a tarde
a larva pedindo a borboleta
a gota pedindo a corredeira
a faca pedindo a carne
um beijo pedindo outro
os loucos pedindo o suicídio

e eu que te limpando as folhas mortas
desenhava um corpo agudo, a felicidade,
sobre seus pés pedindo o mundo

segunda-feira, abril 07, 2008

Estou no caminho
e as coisas mais bonitas quando
a vida me tirarem
__as lembranças__
seus cabelos ruidosos
as finas lágrimas e
todas as palavras em estado bruto das suas costas
mas a gente sempre existe pra dentro:
aquele absurdo poético

segunda-feira, março 31, 2008

As balas no meu corpo
ainda quente
lírios em vão.
Enquanto as paredes choravam
eu te caía sobre minha pele
num roseiral mirim roubado.

o poema sangrando.

o corpo em bala
as balas do meu corpo
em vão seu lírio chorava nas paredes
ainda quente minha pele caía.
te.
roubei o roseiral mirim

domingo, março 23, 2008

as coisas deitam sobre nós
as mães choram viejas
a matéria cresce no sentimento
e quando eu pedi de ir embora
a delicadeza confusa dos desenhos da madeira da porta
impediram que o filho fosse sua própria mãe
e sobre as coisas da casa
eu vi personagens da família
e os limpei
e troquei de lugar
mas havia toda aquela
lentidão.

segunda-feira, março 17, 2008

entraves

Eu dormi nos teus silêncios
e não percebi que
nosso amor
era de mel coado e
a casa
crua.

domingo, março 09, 2008

Eu me despeço da vida
como quem faz o poema.
Como você jantando e
minha vontade de estar nas tuas
imagens.
As flores semi-tons.

O final de tinta e nossa
desimportância
anunciam a eternidade
da memória
onde minhas rosas
tinham nosso amor
e tinham linhas amadurecidas
nossa colcha repleta de ternura
Mas os espaços e os furos

Eu me despeço da vida como
quem janta com ferocidade.
E suas mãos enfraquecidas forçando
o poema,
os talheres,
o silêncio,
nossa foto
antes nunca tirada.

terça-feira, março 04, 2008

Havia uma mulher e
suas paredes.
havia velocidade na decisão,
sons esparsos e
escuridão.

Um toque tosco de mãos alheias.

Era para si o acabamento da casa
e havia um lençol de tristezas.

Deus, tirar-me a vida agora me seria injusto.
Nunca haveria de mudar,
e era aceito,
de tudo só as coisas menores.

Entre toda a roupa suja da casa ela sentia:
Deus, entendi tudo e
talvez
devesse morrer.

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Havia fuga nos olhares.
era de vermelho, meu amor.
seus pés tão
Finos,
eram ossos,
e sobre que ossos eu te ergui?

Seus ângulos agudos,
rasgados,
eu sempre nos fôra,
mas o tempo
/ ______ /

a noite seria a gente
sereia.

Te daria meu espaço
pois seus ossos tão finos
me construiam

_______________________

terça-feira, fevereiro 26, 2008

Caio nas minhas gavetas
acordado estritamente pela tua voz

os panos molhados
minhas torções
todo o vidro pelo chão

estilhaços e douçuras

eu me teria salvado
mas seu sorriso e barulhos
/ eram dentes aquelas louças brancas? /
me jogam a quilômetros de distância

e novamente os vidros
o quebradiço
e tudo mais que eu poderia escrever nas suas
costas.

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Meus Florais

nossas rugas espalhadas pelo chão
micro recados impregnados
de palavras russas o amor.
te concedo telefonemas e
a vida correndo como quem
a chegada do fim.

minhas xícaras o café
caído e as janelas abertas
como quem gritasse lá
de baixo
pula!

pula!

pula!

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

está paralizado como a velha sonata,
os loucos que se juntam sempre para
revivê-la.
Hoje ainda pela manhã
andava morta e assustadiça
com seus lustres empoeirados
e tinha sobreapego
mergulhos diários pelas paredes,
o olhar extremo da família
o cenho grave
a sala pronta
e o seu deusdeaço.

Queria não parar de tocar
com os seus ágeis dedosrefúgio.

sempre.

Para H.H.

Quebre-me os dedos,
e não adianta.
Corte-me a língua
e não adianta.
Tire-me o coração.
Acelerem os processos
e meus tacos soltos.
Tranque-me os cães.
Meus tanques
e o serviço diário de te amar,
Mas não adianta.
Há um sol dentro de mim:
Minhas cortinas ventiladas.
A garganta em frinchas
pelo direito de não estar.

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

entre os ângulos da minha garganta estava você, honey.
pelo caminho
ali bem na beleza.
o nosso plexo minúsculo e
a vida impressa num guardanapo.

segunda-feira, janeiro 21, 2008

A casa me presume.
Persegue. As minhas janelas
e todos os números.
Quanta imobilidade a dos lares.
Toda arquitetura inútil. Em
tantos pressupostos
é que se resume o lar, o par.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

pingo na pele
corro meu sangue
toda essa velocidade me espanta
nela vivo sôfrega e me atiro
me expando
viro música
a gente dança
nossos filhos caem,
nossos pais se vão,
a cada dia pinga no chão minha pele
a casa pinga toda em mim
a toda hora a gente se desfaz
nosso amor de perto fica longe
e da música só a velocidade.